Aniversário

Hoje, primeiro de abril é aniversário da Lisa, bezerra em loja de cristais, como diz a Valéria da Tratadog.

Quando a Pri quis mudar do apartamento onde morávamos em Americana para uma casa, eu disse a ela que só faria isso, se tivéssemos um cachorro grande e eu escolheira a raça. A Pri queria um pastor, mas escolhi um boxer, pois já o Fe já tinha chegado e eu queria um cachorro que fosse dócil com ele. E assim ela sempre foi com ele.

Fomos a uma chácara em Americana, onde havia uma ninhada à venda. Levamos o Choco e concordamos que ele, Choco, escolheria o filhote. Curiosamente a cadelinha que se engraçou conosco não foi a escolhida por ele. Após alguns poucos meses, descobrimos que ela morrera. Então, conforme acertado, escolhemos o filhote que o Choco escolheu. Marcamos para pegá-la uma ou duas semanas depois.

Eu me lembro muito bem do dia que fomos buscá-la. Era um tijolo, na cor, forma e peso. Chorou muito nas duas primeiras noites em casa. Colocamo-a para dormir no banheiro da suite, para que ela não ficasse sozinha. A porta do banheiro fora fechada com caixas de sapatos, para que ela não saísse.

Enquanto foi novidade, o Choco curtiu a Lisa. Quando percebeu que ela ficaria por mais tempo, começou a não gostar muito dela, exceto quando ela estava no cio (por razões óbvias). Ela sempre foi apaixonada por ele.

A vida seguiu, a Lisa comeu um carro, uma pomba, um monte de bolinhas de brita (aquela para vasos), veio a Claire, a mudança de casas em Americana e em setembro/outubro do ano passado a notícia sobre o câncer.

Iniciamos o tratamento. O primeiro mês foi tranquilo. No segundo mês, ela começou a perder muito peso. Ficou magra. Pele e osso. Não corria, não pulava, não latia. Não se parecia em nada com a cadela que comeu um carro (ou parte dele). Mais medicação. Mais ração. Mais comidas especias e mimos. Ela começou a ganhar peso e voltou a latir, correr e pular.

Veio a mudança para Cotia.

A princípio nenhuma mudança no estado ou no comportamento dela.

Mas com algumas semanas, ela voltou a aprontar, depois de muito tempo. Derrubou o portão onde elas ficam durante o dia, comeu um pote onde guardamos os biscoitos caninos (não comeu apenas os biscoitos, mas o pote também), revirou a lata de lixo... ela voltou a ser a Lisa da primeira casa em Americana.

Hoje, primeiro de abril, o dia em que completa 7 anos, gostaria que a notícia sobre seu câncer fosse uma pegadinha do dia da mentira. Mas não é.

A única coisa que nos conforma é saber que, apesar da gravidade da doença, ela está bem, feliz.

Parabéns, Lisa.